Interpretações

Astrojildo Pereira

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Interpretações
  • autor: Astrojildo Pereira
  • prefácio: Flávio Aguiar
  • orelha: Pedro Meira Monteiro
  • capa: Maikon Nery
edição:
1
selo:
Boitempo
páginas:
280
formato:
21cm x 15cm x 2cm
peso:
300 Gramas
ano de publicação:
2022
encadernação:
brochura
ISBN:
9786557171424

No ano do centenário de fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), a Boitempo e a Fundação Astrojildo Pereira relançam um autor fundamental da nossa cultura: Astrojildo Pereira (1890-1965). Interpretações foi lançada em 1944 e inclui textos redigidos entre 1929 e 1944. Com positiva repercussão pela crítica e pelas instituições culturais, o livro foi incluído no Summary of the History of Brazilian Literature, programa de divulgação cultural que colocava Astrojildo ao lado de autores consagrados como Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda.
 
Interpretações está dividido em três partes: “Romances Brasileiros”, “História política e social” e “Guerra Após Guerra”. A primeira parte aborda a obra de diversos romancistas nacionais como Machado de Assis, Manuel Antonio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo, Lima Barreto e Graciliano Ramos. A segunda parte analisa as vicissitudes históricas da formação brasileira, incluindo o debate sobre a abolição da escravatura, durante o Segundo Reinado. Já na terceira e última parte, Astrojildo analisa as questões internacionais, como a ascensão do nazismo, a Segunda Guerra Mundial e faz uma importante reflexão sobre os deveres do intelectual brasileiro diante do conflito mundial.
 
A nova edição conta com uma nova padronização editorial e atualização gramatical. O prefácio é assinado pelo escritor Flávio Aguiar e a orelha por Pedro Meira Monteiro. Dois textos anexos compõem a edição: um de Nelson Werneck Sodré, “Meu Amigo Astrojildo", e um de Florestan Fernandes, intitulado “As tarefas da inteligência”.
 
Trecho

 

“Sem dúvida, nem tudo são misérias e desgraças no Nordeste; nem é só no Nordeste que existem misérias e desgraças. Elas existem em todas as regiões do Brasil, de Norte a Sul; existem igualmente em todos os países do mundo, em grau menor ou maior. Já sabemos disso. Mas o de que se trata, nessa questão dos romancistas do Nordeste, é que eles são por vezes acusados de nos seus livros só retratarem a cara feia e dolorosa da miséria nordestina. Demais de injusta, semelhante acusação a meu ver peca pela insensatez e pelo pedantismo. Como exigir dos romancistas nordestinos que se alheiem, nas suas obras, ao sofrimento infinito do povo em cujo meio nasceram, viveram e sofreram também? Monstruosos e falsários seriam eles se o tentassem. A obsessão da miséria, que os domina irresistivelmente, só os pode dignificar. Nem seriam eles romancistas dignos da própria vocação se pudessem tornar a sua sensibilidade impermeável à necessidade — isto mesmo: necessidade — de captar e transmitir os gemidos e as revoltas da sua gente. Como fazem certos “criadores” de mundos povoados apenas de fantasmas que se perdem em cogitações misteriosas, delirantes e inconsequentes.”