R$ 47,00 Livro Indisponível
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autor:
VARIOS
- selo:
- Boitempo
- idioma:
- Português
- páginas:
- 160
- formato:
- 16cm x 23cm x 0cm
- peso:
- 251 Gramas
- ano de publicação:
- 2015
- encadernação:
- Brochura
- ISBN:
- 9771678768400
Com recursos cada vez mais escassos, universidades e instituições de pesquisa são a nova face da crise no Brasil. A busca desenfreada por resultados reflete a lógica neoliberal, colocando em risco o ensino público superior na pátria autointitulada “educadora”. Para lançar luzes sobre as adversidades que vêm impactando a academia, aqui e no mundo, o sociólogo Marco Aurélio Santana organizou o Dossiê deste número de Margem Esquerda. São quatro artigos que indicam perspectivas no desdobramento dessa intrincada questão. Roberto Leher, reitor da UFRJ, articula as relações entre a crise da universidade e a crise do capital. Para ele, a iminente falência das instituições de ensino superior provém das transformações do capitalismo, cuja mercantilização estrangula as universidades públicas. O sociólogo britânico Michael Burawoy analisa as crises que rondam as universidades do globo, em meio ao processo de introdução da mercantilização na produção e na circulação de conhecimento. Já os professores Ruy Braga e Alvaro Bianchi, da USP e da Unicamp, respectivamente, discutem a articulação entre a precarização e a privatização resultantes do desenvolvimento da mercantilização da universidade pública brasileira, enquanto o organizador do Dossiê e a socióloga Maria da Graça Druck abordam a crise das universidades federais através do processo de terceirização de suas atividades-meio e da degradação do trabalho daí decorrente.
E se o assunto é crise, não poderia faltar à Margem Esquerda um olhar sobre a política atual. O filósofo do direito Alysson Leandro Mascaro empreende arguta análise política num ensaio que trata de um ponto crucial no momento, o direito. Leia aqui o artigo integral de Alysson Mascaro, "Crise brasileira e direito".
“Igualdade substantiva e democracia substantiva”, artigo de István Mészáros, expõe a proposta de democracia associada a igualdade. Para o indispensável filósofo húngaro, o problema das determinações substantivas refere-se a uma mudança fundamental de uma sociedade futura que, para tornar-se historicamente sustentável, precisa ter a igualdade como princípio norteador. Nesse ensaio, ele marxianamente aposta numa concepção do metabolismo social radicalmente diferente no porvir, sem a qual a humanidade não sobreviverá.
Sobre democracia também se debruça outro filósofo do direito, Mozart Silvano Pereira, ao tratar da teoria jurídico-política de Jürgen Habermas. Já o texto do sociólogo João Alexandre Peschanski aborda apontamentos de Marx em relação às instituições do socialismo. Anotações esparsas do Manifesto Comunista e de Crítica do Programa de Gotha são sistematizadas e problematizadas para contribuir com uma teoria do pós-capitalismo, em diálogo com correntes marxistas pouco conhecidas no Brasil.
É o marxista universal György Lukács quem assina o texto publicado na seção Clássico. Trata-se da Introdução a Jovem Hegel. Escrito em 1938 e só publicado dez anos depois, o livro foi a primeira inflexão lukacsiana rumo a uma postura teórica ontológica e afirmativa da centralidade do trabalho e marca o distanciamento do autor em relação a sua produção intelectual dos anos 1920, em especial História e consciência de classe.
O Comentário traz a transcrição de uma apresentação do professor cubano Aurelio Alonso sobre a obra Che Guevara y el debate económico en Cuba, do historiador brasileiro Luiz Bernardo Pericás, laureada na ilha com o Prêmio Ezequiel Martínez Estrada da Casa de las Américas em 2014.
Na seção Memória, o jornalista Florestan Fernandes Jr., em um relato emocionado e carregado de indignação, relata a doença, o corporativismo médico, a reação da família e os últimos momentos de vida de seu pai, o sociólogo militante Florestan Fernandes.
E foi para homenagear outro grande militante da esquerda brasileira que escolhemos, para a seção de entrevistas, o jornalista carioca Milton Temer. Oficial da Marinha cassado em 1964, militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi deputado estadual e federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e um dos fundadores do Partido Socialismo e Liberdade (PSoL). Em depoimento a Gilberto Maringoni e a mim, falou sobre sua trajetória política e pessoal, intrinsecamente vinculadas, em um roteiro movimentado que explica muito do atual momento das esquerdas.
O espanhol Julio Plaza (1938-2003) é o artista da vez. Construiu parte de sua carreira no Brasil, dedicando-se a intersemiótica, multimídia e videotexto. “Com uma posição crítica ao mercado e circuito da arte, sempre questionando as estruturas à sua volta, foi pioneiro em conseguir que a pesquisa artística fosse reconhecida pelas agências de fomento”, explica Sergio Romagnolo, editor de imagens desta revista.
“Poema”, de António Agostinho Neto (1922-1979) – líder do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), primeiro presidente do país após a Independência e um dos mais importantes escritores angolanos – compõe a seção de poesia, cuja curadoria e texto de apresentação é uma vez mais do professor de literatura e tradutor Flávio Aguiar.
Com palavras de Giovanni Alves, prestamos tributo a Vito Gianotti, italiano que escolheu o Brasil para viver e nos deixou em julho deste ano. Operário, dirigente sindical e educador, coordenou com sua companheira, Cláudia Santiago, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), importante centro de comunicação popular e sindical do país. A ele dedicamos esta edição.
Ivana Jinkings
Sumário da edição
Dossiê: A universidade em crise - Dilemas, Desafios e Perspectivas
Entrevista
Milton Temer
Ivana Jinkings e Gilberto Maringoni
Dossiê:
Crise universitária, crise do capital
Roberto Leher
Entre duas ameaçãs: a burocaria e a mercantilização da universidade
Ruy Braga e Alvaro Bianchi
Ensino superior em crise: o contexto global
Michael Burawoy
Terceirização e degradação do trabalho nas universidades brasileiras
Marco Aurélio Santana e Maria Da Graça Druck
Artigos
Igualdade substantiva e democracia substantiva
István Mészáros
Crise brasileira e direito
Alysson Leandro Mascaro
A alternativa ao capitalismo em Marx
João Alexandre Peschanki
Os limites da democracia na teoria jurídico-política de Habermas
Mozart Silvano Pereira
Clássico
O jovem Hegel
GyÖrgy Lukács
Homenagem
Vito Giannotti, militante socialista
Giovanni Alves
Memória
O adeus em um olhar: linha final de duas vidas
Florestan Fernandes Jr.
Comentário
O "homem novo" e o debate conceitual meio século depois
Aurelio Alonso
Resenha
Nem calco nem cópia: a heresia da revolução permanente
Deni Alfaro Rubbo
Notas de Leitura
Estado e burguesia no Brasil: origens da autocracia burguesa
Paulo Barsotti
O Brasil na Segunga Guerra Mundial: uma página de relações internacionais
Angélica Lovatto
Poesia
Poema
António Agostinho Neto
António Agostinho Neto: uma introdução
Flávio Aguiar